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Artigo do Jornal: Jornal Janeiro 2014
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     ARTIGO SUICIDAR NUNCA SALVOU DUAS VIDAS – DESABAFAR PELO TELEFONE 141 DO CVV – AS TAXAS DE SUICÍDIO NO BRASIL E NO MUNDO -

     Participamos, no dia 5 de novembro de 2013, da Mesa Redonda: Perante a Vida e a Morte, discorrendo sobre o tema: Suicídio e Consequências Espirituais, no Congresso Espiritismo: Provas Científicas da Filosofia e da Religião, promovido pelo Programa de Estudos e Pesquisas das Religiões – PROEPER, do Centro de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ, o qual iniciei apresentando o final do comentário de Allan Kardec na questão 957 de O Livro dos Espíritos:

     "A religião, a moral, todas as filosofias condenam o suicídio como contrário às leis da natureza. Todas nos dizem, em princípio, que ninguém tem o direito de abreviar voluntariamente a vida. Entretanto, por que não se tem esse direito? Por que não é livre o homem para por termo aos seus sofrimentos?

     Ao Espiritismo estava reservado demonstrar, pelo exemplo dos que sucumbiram, que o suicídio não é uma falta, somente por constituir infração de uma lei moral, consideração de pouco peso para certos indivíduos, mas também um ato estúpido, pois que nada ganha quem o pratica, antes o contrário é o que se dá, como no-lo ensinam, não a teoria, porém os fatos que ele nos põe sob as vistas".

    

     PREVINA-SE. DESABAFE. CVV

    

     Comentamos na nossa exposição que o portador de uma doença física procura um médico para atendê-lo, mas se a pessoa está sentindo dor na alma, a quem recorrer? Onde buscar ajuda para desabafar no sentido de aliviá-la?

     Neste particular, o CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA (CVV) realiza um relevante serviço em favor dos suicidas potenciais através do atendimento telefônico e pessoal, baseado na doação da amizade. E se você estiver atormentado por essa dor em seu íntimo e pensa em desistir da vida, ligue então para o CVV – telefones: 141, e no Rio de Janeiro: (21) 2233-9191 e 2236-0536.

     Fique sabendo que eles têm telefones em todo o Brasil. Caso precise do telefone que corresponda ao seu estado, acesse: WWW.CVV.COM.BR.

    
O PROBLEMA NO MUNDO E NO BRASIL

    

     Para avaliação dos participantes da Mesa Redonda da grave questão do suicídio, apresentei, em números, o problema no Brasil e no Mundo (Vide quadro nº1).

     No quadro O PROBLEMA EM NÚMEROS, com base no ano de 2011, vê-se à direita uma relação das Taxas de Suicídio por ordem decrescente no Ranking Mundial, ocupando a primeira posição a Lituânia, com a taxa de 33,1 por cem mil pessoas, a segunda a Rússia, com 30,1, a terceira Bielorússia com 27,4, e na 73ª posição mundial está o Brasil com a taxa de 5 por cem mil habitantes.

     No gráfico que trata do Crescimento no Brasil, no período de 1997 a 2011, a primeira curva aponta o gênero masculino, que em 1997 apresentava a taxa de 6,9 por cem mil habitantes, chegou em 2011 com 8,1.

     Na terceira curva, contemplando o gênero feminino, observa-se que em 1997 a taxa era de 1,7 chegando em 2011 com a taxa de 2,0.

     Na curva do meio, isto é, a que demonstra a média dos gêneros: homem/mulher no referido período constata-se que a média em 1997 era de 4,3, chegando a 5,0 em 2011. Eis porque a taxa de 5,0 confere com a apresentada no Ranking Mundial.

    

     ANÁLISE DAS TAXAS DOS ESTADOS BRASILEIROS

    

     Segundo o quadro demonstrativo do Problema em Números verifica-se que o aumento de suicídios no Brasil foi de 30% nos últimos 25 anos, e que acontecem cerca de 26 suicídios por dia em nosso país.

     O Rio Grande do Sul foi o estado que apresentou a maior taxa em 2011, ou seja, mais de 8 por cem mil pessoas. Os Estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul estão na faixa entre 6 a 8. Entre as taxas de 4 a 6 se situam: São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Espírito Santo, Rondônia, Roraima, Amapá e Ceará. De 2 a 4: Acre, Amazonas, Pará, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Rio de Janeiro. E entre 0 a 2, os Estados do Maranhão, Bahia e Paraíba.

     QUADRO Nº 1

    

     PREVENÇÃO SE FAZ COM INFORMAÇÃO

    

     De fato é preciso utilizar todos os meios possíveis para levar a todas as pessoas as informações a respeito das funestas consequências da prática do suicídio, pois isso pode salvar muitas vidas. Sobre isso tenho duas experiências.

     A primeira tomei conhecimento pelo meu amigo Júlio Cesar Sá Roriz, em um artigo que ele publicou no jornal Mundo Espírita, sobre a importância do Espiritismo na imprensa leiga, tratando da prevenção do suicídio. Júlio relata nesse artigo que um cidadão entrou no Centro Espírita Seara Fraterna, na Rua Bento Lisboa, com o artigo na mão - “Suicidar Nunca”, dizendo que ia se matar. Porém, como ele leu o artigo no jornal exposto na banca de jornais e revistas, tomou conhecimento do telefone da USEERJ (União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro, atualmente CEERJ), e telefonou pedindo um endereço de um Centro perto da sua residência, tendo a USEERJ indicado o “Seara Fraterna”. Segundo Julio, para demovê-lo da ideia do suicídio foi muito difícil, mas depois de muita conversa orientadora conseguiu convencê-lo ao final do atendimento fraterno. Então, quando percebi que já havia salvo a vida de um, comecei a escrever mais sobre a prevenção ao suicídio.

     A segunda pessoa salva com o artigo Suicidar Nunca! aconteceu certo dia, quando uma paciente do INCA queria se matar, e a assistente social me ligou pedindo que eu fosse lá falar com ela. Antes de sair do BNH (onde trabalhava), botei o artigo “Suicidar nunca” no bolso do meu paletó e fui para o Hospital que fica em frente da Rodoviária. Deixei a enferma desabafar e expor a sua ideia de acabar com a vida devido o médico dar somente mais três meses de vida para ela. Quando acabou o seu sofrido desabafo, disse-lhe: “Agora posso ler uma coisa para você?” E quando chegou no meio do artigo ela me perguntou: “Isto que você está lendo é verdade? De que a gente não morre? Que o espírito permanece ligado ao corpo, sofrendo? E que a gente tem que voltar para reparar o suicídio? É sério?” Nessa oportunidade, respondi que todo esse quadro era exatamente o que observava nas reuniões de desobsessão, com os relatos dos suicidas através dos médiuns psicofônicos e nas obras da codificação Espírita publicadas por Allan Kardec. Nesse momento, ela me disse que eu não precisava ler mais nada, porque ela entendeu tudo e, em razão disso, já tinha desistido de se matar. Tornou-se Espírita, fez tratamento nas reuniões de Materialização do Grupo Espírita Dias da Cruz, em Caratinga, desencarnando três anos depois.

    

     SUICIDAR NUNCA!

    

     Eis, a seguir, o texto na íntegra do artigo publicado no jornal Última Hora, no dia 27 de abril de 1979 :

     A esperança de uma vida melhor no mundo espiritual é muito alentadora para a criatura que vive a braços com tantos sofrimentos. É da confiança nessa vida futura que nasce a calma e a serenidade, tornando a sua existência, embora amarga e difícil, plenamente suportá­vel. A certeza de que prosseguirá vivendo após a morte do corpo e que poderá ser feliz naquele mundo se suportar com paciência todos os reveses de sua vida, constituem verdadeiros sustentáculos para a criatura nos piores mo­mentos de sua existência, até mesmo quando tudo parece estar perdido.

     Deus jamais fechou a janela da esperança ao coração desesperado quando todas as portas do mundo se fecham para ele. Essa janela sempre esteve aberta ao coração aflito que o busca através da prece sincera e fervorosa. Não há ninguém que não possa receber essas bênçãos pelo fio da oração; mesmo aquele que se considera a pior criatura, o último dos homens e que se julga imperdoável diante dos seus erros e seus crimes perante a justiça divina. Segundo Jesus, "não são os que gozam saúde que precisam de médico", isto quer dizer que são exatamente os grandes doentes da alma, os mais errados e distanciados do bem, os que mais necessitam de ajuda e de amparo. Por isso mesmo, Deus jamais vedou e nunca vedará ao coração torturado e aflito as portas de Sua eterna misericórdia.

     Os sofrimentos que experimentam os suici­das na vida espiritual são inenarráveis. Não há descrição na linguagem humana para exprimi-los. Quem assistisse a comunicações de espíri­tos de suicidas nas reuniões de desobsessão, que são processadas nos centros espíritas que se orientam pelas obras codificadas por Allan Kardec e tomasse conhecimento de seus relatos mesclados de angústia e de profunda dor, jamais alimentaria a ideia do suicídio, por maiores privações que estivesse passando, as maiores dores físicas e morais.

     Allan Kardec na obra O Céu e o Inferno, edição da FEB, Avenida Passos, 30, apresenta inúmeras comunicações de suicidas obtidas por diversos médiuns, através das quais verifica­mos que todos são unânimes em dizer do desapontamento que experimentaram ao che­gar ao mundo espiritual e verem que a morte do corpo não os livrara dos sofrimentos e, pior do que isso, que acompanharam a decomposi­ção de seus corpos e a destruição deles pelos vermes, sem poderem se afastar daquele qua­dro um instante sequer, em virtude de, a morte buscada intencionalmente e violenta, manter a alma ligada ao corpo, até se extinguir o fluido vital que animava este último.

     Se a nossa cruz está pesada, se a incompreensão nos machuca intimamente, se a con­vivência no lar está difícil, se a miséria ronda as panelas, se a doença nos consome, não alimen­temos o pensamento de desertar da vida, nem por brincadeira, pois no dizer do espírito Cornélio Pires, "um ato desses resulta no sofrimento de uma vida inteira". Carreguemos a nossa cruz por mais pesada que ela seja, lembrando o sublime exemplo do Cristo que a levou ao cimo do Calvário, sem revolta e sem se queixar, e Ele não a merecia. Mas nós merecemos, nós preci­samos dela para reparar os graves erros e deslizes que já cometemos nesta e em outras encarnações.

     Não vale a pena se matar, é a conclusão a que chegamos. Suicidar-se, nunca! O que vale a pena mesmo é amar a luz da vida, chama imortal e inextinguível que há em nós a se irradiar através de uma das mais inteligentes criações de Deus, que é o corpo humano, escrínio sagrado, através do qual o espírito conquista as eternas asas do amor e da sabedo­ria.

     (Leia O Martírio dos Suicidas, Memórias de Um Suicida e Amor e Ódio - obras editadas pela Federação Espírita Brasileira, Av. Passos, 30, que abordam as consequências funestas do suicídio).

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