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Vivemos em momentos fartos das mais variadas provações. A ética recebe a negligência de tantos; a vida é desrespeitada em todas as perspectivas; a violência ganha proporções inéditas; o respeito pelo próximo soçobra diante dos interesses menos nobres; a esperança já não mais lateja nas mentes; o vício e a busca pelo prazer fugaz agem sem limites. Todo este terreno não se faz passar incólume por tantos espíritos arraigados nas piores escolhas, diante do livre arbítrio dos encarnados. A obsessão atinge níveis coletivos.
Ainda estamos coligados aos espectros das más escolhas de ontem, fato criador dos vínculos espirituais enfermiços do presente, muitas das vezes, catalisando efeitos infelizes nas vidas de tantos. Inconsequências transatas retornam na forma de desafios de grande monta e urgência.
Diante deste cenário, muitos perguntam, qual a solução? E principalmente, qual a necessidade de tal estado de calamidade obsessiva pandêmica, pois os problemas sociais, agitando as massas belígeras, catapultam as catástrofes individuais e coletivas?
Entendamos que o universo é organismo vivo e uníssono, manuseado e conduzido pelo Pai Maior. Efeitos ocorrem sem a nossa ciência, entretanto, fundamental para o equilíbrio do sistema. Da mesma forma que a árvore, sem perceber a respectiva importância, retorna ao ambiente o oxigênio, recolhendo as partículas de gás carbônico, o inseto, sem atinar-se, serve de adubo ao proporcionar o insumo para o crescimento da árvore. Nada é em vão no universo.
A consciência errante e vingativa do passado, experimentando a liberdade da erraticidade, compõe-se de desafio ao hospedeiro físico, causando-lhe o aparente atraso moral momentâneo, contudo, e a longo prazo, forja-lhe, intimamente, o compromisso futuro com a corrigenda. O incauto, ferindo os códigos da vida serve, a longo prazo, à enfermidade prestes a ser descoberta, aliviando o corpo da moléstia de cunho moral, através do remédio mais ou menos amargo, diante do tratamento de maior ou menor duração.
A vida é embarcação sempre rumando aos cimos da felicidade, mesmo que passando pelos espinheiros da dor e tormentas do assédio pernicioso do invisível. A senda da chama divina repousa em todos nós, conforme afirmações do Mestre:
- “Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?” João 10:34
- “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.” João 14:12
- "Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus." Mateus 5:16
Há ainda a questão 540 do Livro dos espíritos, a nos fomentar o entendimento acerca de todas as ocorrências da vida, naturalmente conectadas por um propósito, uma lei maior:
540. Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza operam com conhecimento de causa, usando do livre-arbítrio, ou por efeito de instintivo ou irrefletido impulso?
“ Uns sim, outros não. Estabeleçamos uma comparação. Considera essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos. Julgas que não há aí um fim providencial e que essa transformação da superfície do globo não seja necessária à harmonia geral? Entretanto, são animais de ínfima ordem que executam essas obras, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem, do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados oferecem utilidade ao conjunto. Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos e estejam no gozo pleno do livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, de que inconscientemente se constituem os agentes. Primeiramente, executam. Mais tarde, quando suas inteligências já houverem alcançado um certo desenvolvimento, ordenarão e dirigirão as coisas do mundo material. Depois, poderão dirigir as do mundo moral. É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo. Admirável lei de harmonia, que o vosso acanhado espírito ainda não pode apreender em seu conjunto!”
A lei de Lavoisier, portanto, é igualmente aplicável a lei moral, onde o mínimo esforço jamais é desperdiçado, e mesmo sem a visão ou percepção nítida, encoberta pelo véu da sabedoria divina, sob o levedo do tempo, a humanidade ruma para as paragens mais felizes, transformadas pelas divergências do hoje, contudo, amparada na certeza do amanha feliz.
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