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Num velho barco pesqueiro, toda a tripulação foi contaminada por alimento deteriorado.
Manifestou-se o terrível botulismo.
Problema gravíssimo!
Morte certa, se não recebessem o soro salvador!
O barco estava em alto-mar, a milhares de quilômetros do centro médico mais próximo.
Usando precário equipamento, o capitão estabeleceu contato com um radioamador, em país próximo.
A partir daí formou-se imensa cadeia de boa vontade.
Conjugaram outros operadores, laboratórios, médicos, autoridades, pilotos de aeronaves, serviçais humildes...
Dezenas de pessoas mobilizaram-se até que o precioso medicamento fosse entregue à tripulação.
Desceu em paraquedas sobre o barco, como bênção do céu.
E todos se salvaram!
***
É elementar, caro leitor: quando a fraternidade encontra abrigo nos corações, não há mal que lhe oponha resistência.
Numa empreitada qualquer, se estivermos sozinhos, teremos duas mãos; se nos unirmos a alguém, teremos quatro mãos.
Se formos uma multidão, haverá milhares de mãos entrelaçadas.
Ideal seria que esse darem-se as mãos não fosse marcado por episódios esparsos, heroicos, como o do velho barco pesqueiro, mas que constituísse o empenho permanente de qualquer agrupamento humano.
Imagine, leitor amigo, centenas de pessoas de boa vontade, a invadir uma favela, dispostas a se confraternizar com os favelados, a ajudá-los a superar suas dificuldades, a promover ali a educação, a assistência médica, a melhoria das condições de higiene…
Prodígios seriam alcançados, reduzindo drasticamente a criminalidade, a desnutrição, o analfabetismo. Melhorariam a qualidade e a expectativa de vida.
Como destaca a Doutrina Espírita, a miséria não é fruto da vontade de Deus; é resultante do egoísmo humano, da tendência de cada qual cuidar de si mesmo e o resto que se dane.
***
Certamente as pessoas que participaram do salvamento ficaram felizes com o resultado daquele maravilhoso exercício de fraternidade.
Se consultadas, estou certo de que afirmariam:
- Jamais sentimos alegria semelhante!
É o que todos experimentamos quando participamos de um evento dessa natureza.
Ora, amigo leitor, se há tanta alegria no dar-se as mãos, eventualmente, não seria uma sábia opção fazê-lo permanentemente, dispostos a participar de entidades filantrópicas, onde muitas pessoas exercitam boa vontade para atender carências e infortúnios alheios?
Ensina a Doutrina Espírita que carregamos na Terra o peso de nossos comprometimentos com o erro, o vício, o desregramento, o mal, em vidas anteriores.
Estão neles as origens dos desajustes, tristezas e angústias que frequentemente nos oprimem.
Essa pesada carga de nosso pretérito será sempre aliviada, e muito, quando nos dermos as mãos para os serviços do bem.
Era isso que Jesus queria dizer ao proclamar, no Sermão da Montanha:
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
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