Todos nós sabemos os efeitos danosos do álcool. Porém o vício faz com que as pessoas esqueçam esses efeitos, e acabam se prejudicando com isso.
O álcool, do árabe alkuhl (essência) é uma das drogas mais antigas da humanidade. Inicialmente se acreditava que teria surgido 6000 AC no Egito, onde foram encontradas ruínas de uma fábrica de cerveja. Porém, recentemente, pesquisadores descobriram vestígios de uva apodrecida em locais habitados por homens pré-históricos, as quais tinham em torno de 5% de teor alcoólico, demonstrando que o seu consumo é ancestral.
1. INTRODUÇÃO
No início a utilização de bebidas alcoólicas pelas sociedades estava muito ligada à prática religiosa, pois acreditava-se que elas facilitavam o contato com os deuses. Ainda hoje, de forma diferenciada, o álcool serve de símbolo para muitas religiões. Outro sentido para o uso de alcoólicos era a sua utilização tanto como dissipador de preocupações e dor e como elemento abortivo.
Nos primórdios da civilização o teor alcoólico era baixo, pois somente existiam bebidas fermentadas. Com a revolução industrial, foram desenvolvidas bebidas destiladas como o uísque (usquebaugh - água da vida), as quais possuem um teor extremamente alto, gerando inúmeros malefícios ao corpo humano. Acompanhando a revolução industrial, as bebidas fermentadas também passaram a conter um grau etílico maior, aumentando o número de dependentes em álcool.
O alcoolismo decorre do uso prolongado, geralmente entre 20 a 25 anos, de substâncias alcoólicas. Nesta fase o hábito de consumir a bebida já está relacionado ao ritmo de vida do indivíduo, sendo muito difícil convencê-lo a parar de ingeri-la. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a partir de 2010 será a doença que mais causará vítimas fatais no mundo.
2. EFEITOS NO CÉREBRO
Acreditar que o álcool é somente um estimulante é um grande engano. Ele, num primeiro momento, ao agir diretamente no lobo frontal do cérebro, desinibe o indivíduo, modificando sobremaneira seu comportamento social, mas sua principal característica é provocar a depressão.
Seus efeitos podem ser observados em três fases:
Na primeira o indivíduo, via de regra, perde seu senso moral, seus medos e inibições, passando a se comportar conforme pendores íntimos que estavam reprimidos pelas Leis do Estado e pelos costumes vigentes no grupo social em que se relaciona. Se tinha comportamento tímido, passa a se soltar, principalmente em relação ao sexo oposto. Se era quieto, torna-se loquaz.
Na segunda, pode ocorrer falta de coordenação motora, descontrole dos reflexos, descontrole emocional e agressividade. Isto explica a mudança brusca de comportamento, visualizada geralmente quando ocorrem atos de violência após o consumo de bebidas alcoólicas. Muitos pais de família, que fazem uso de alcoólicos, ao retornarem ao lar acabam por extravasar seus pendores de violência na esposa e nos filhos.
A terceira é caracterizada pela depressão, condição em que o indivíduo reclama de tudo e de todos, da vida, do salário e normalmente extravasa suas angústias por meio de lágrimas. Ocorrem também problemas digestivos como: vômitos, diarréias, dores de cabeça, sono, mal estar geral, coma etc. Esta fase é mais perigosa, pois a depressão alcoólica pode levar ao suicídio, principalmente em alcoolistas que, ao retornarem à realidade percebem que não conseguiram ficar sem a bebida. Este sentimento de fracasso é agente impulsionador do comportamento suicida.
3. A DEPENDÊNCIA
Denomina-se alcoolismo a dependência à bebida alcoólica, caracterizada pelo consumo compulsivo de álcool, com progressiva tolerância à intoxicação produzida pela droga e desenvolvimento de sintomas de abstinência, quando o consumo é interrompido. Os sintomas mais comuns no caso de uma crise de abstinência são sudorese, aceleração cardíaca, insônia, náuseas e vômitos. Num estado mais avançado, ela se caracteriza como delirium tremens, causando confusão mental, alucinações e convulsões.
Inicialmente o alcoolista era discriminado, sendo tratado como um ser de personalidade fraca. Na Inglaterra até o final do século XIX, o nome de quem se excedia na bebida era publicado nos jornais, gerando um enorme constrangimento. Mas com o avanço da ciência e dos tratamentos, chegou-se à conclusão de que o alcoolismo é uma doença, potencialmente forte e destruidora do caráter do indivíduo, que faz de tudo para ter satisfeita a sua vontade de beber: mente, rouba, trai, seduz.
O alcoolismo gera deterioração psicológica e física. O indivíduo, aos poucos, pela perda dos neurônios, tem sua capacidade mental reduzida, descuida-se da sua apresentação, torna-se impontual e tem a concentração nas atividades corriqueiras limitada.
Para esta doença não há cura, o que existe é um tratamento ininterrupto, para que jamais ocorra novamente o consumo, sob risco de retornar todo o prazer em sorver os alcoólicos, colocando a perder todo o tratamento já realizado.
HISTÓRICO DE UM ALCOOLISTA
EVENTO IDADE
1º DRINQUE 12-14
1ª INTOXICAÇÃO 14-18
1º PROBLEMA LEVE 18-25
1º PROBLEMA GRAVE 23-33
INÍCIO DO TRATAMENTO 40
MORTE 55-60
Fonte: Trabalho realizado pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Centro Regional de Estudos, Recuperação e Prevenção de Dependentes Químicos.
4. O ÁLCOOL E A SOCIEDADE
Impulsionado pelos costumes sociais, pela tradição das festas e comemorações múltiplas, o homem não se dá conta de que o álcool é um dos maiores males que existe na face da Terra. É agente impulsionador da violência, possui inúmeras doenças atreladas ao seu uso abusivo e está entranhado em quase todas as ocasiões em que um grupo humano se reúne, como se fosse impossível conversar, trocar idéias, tomar decisões na vida particular ou em sociedade, sem estar com um copo na mão.
Aliado ao baixo custo de produção, tornando-o uma droga acessível a qualquer grupo social, e às políticas de governo pouco eficazes no combate ao seu consumo indiscriminado, ele se torna um verdadeiro destruidor de vidas, carreiras e da sociedade.
5. CONSIDERAÇÕES
Para se verificar o grau de envolvimento de um indivíduo com o consumo de bebidas alcoólicas utiliza-se observar a freqüência do consumo da substância por semana. Se a sorve apenas uma vez, é um bebedor social; se de três a quatro vezes, é um bebedor excessivo; mas se bebe todos os dias, é considerado bebedor dependente. Nem todo bebedor social vai ser um bebedor dependente, porém todo dependente um dia já foi bebedor social. Na fase da dependência, ele dificilmente sairá sem ajuda; é preciso solicitar auxílio a parentes, amigos e especialistas.
A maior dificuldade de se combater o uso abusivo de alcoólicos está na cultura do consumo, arraigada nas sociedades de quase todo o mundo, países onde o álcool é uma droga socialmente aceita. A maioria dos bebedores dependentes iniciam seu consumo por intermédio da própria família, principalmente pais e tios, que ao se reunirem em dias festivos, querem provar um ao outro que seus filhos são adultos suficientes para beberem com responsabilidade. Neste momento inicia-se uma caminhada rumo à dependência alcoólica que poderá levar até vinte e cinco anos e que poderá levar aquele jovem à morte.
6. O ÁLCOOL E O ESPÍRITO IMORTAL
Sobre esta substância química, consumida por grande parte da humanidade, Joanna de Angelis nos alerta que o seu uso reflete o declínio dos valores espirituais da sociedade, bem como é aceito como hábito social. Enfatiza que a viciação alcoólica inicia-se pelo aperitivo inocente, repete-se através do hábito social, impõe-se aos poucos como necessidade e converte-se em dominação absoluta pela dependência. Alertando que a desencarnação dá-se através do suicídio indireto, graças à sobrecarga destrutiva que o dependente de álcool depõe sobre o corpo físico. (Após a Tempestade).
Aqueles que têm consciência da sobrevivência do Espírito à morte do corpo físico podem compreender o perigo no hábito de consumir bebidas alcoólicas, uma vez que os seus efeitos transcendem os umbrais da morte, vão além dos danos causados ao corpo físico, instrumento de trabalho da alma reencarnada, que o devolve à terra após o desenlace, a morte. Esta substância deixa inúmeras marcas no corpo espiritual, o perispírito, e na mente do depende alcoólico, que refletirão na próxima encarnação.
Da análise do texto de Manoel P. de Miranda no livro "Nas Fronteiras da Loucura", psicografia de Divaldo P. Fralco, podemos concluir que a intoxicação alcoólica traz os seguintes prejuízos a quem a ela torna-se dependente:
1. Libera toxinas que impregnam o perispírito;
2. Introduz impurezas amortecendo as vibrações;
3. Entorpecimento psíquico;
4. Insensibilidade ao tratamento espiritual;
5. A dependência prossegue depois da morte;
6. As lesões do corpo físico refletem-se no corpo espiritual;
7. O perispírito imprime as lesões nas futuras organizações fisiológicas;
8. O perispírito plasma no novo corpo físico a pré-disposição orgânica.
("Nas Fronteiras da Loucura" - Manoel P. Miranda)
Na daquele autor espiritual, o indivíduo que faz uso de álcool e outras drogas se transforma em perigoso instrumento dos espíritos inferiores, pois alimenta a si mesmo e a dois tipos de entidades que o obesediam: os viciados os que se alimentam dos alcoólicos e os que se aproveitam da fraqueza do obsidiado. Estas entidades, enfermas, trazem consigo um hálito mental desajustado, pernicioso, que trará inúmeras conseqüências ao alcoolista.
Se pudéssemos visualizar um ambiente onde se consomem substâncias alcoólicas, seja um bar, uma festa ou no próprio lar, estaríamos a observar diversas entidades espirituais viciadas em álcool a sorver fluidos alcoólicos que saem das vísceras dos bebedores. Por isso é que muitas vezes a indução para começar ou continuar a beber é extremamente forte, pois há um espírito induzindo-o constantemente ao consumo, somente desta forma ele consegue ter sua vontade saciada, tendo em vista não ser possível ao espírito desencarnado o consumo direto da substância.
Neste contexto, Emmanuel nos esclarece que: "O viciado ao alimentar o vício dessas entidades que a ele se apegam, para usufruir das mesmas inalações inebriantes, através de um processo de simbiose em níveis vibratórios, coleta em seu prejuízo as impregnações fluídicas maléficas daqueles, deixando o viciado enfermiço, triste, grosseiro, infeliz, preso à vontade de entidades inferiores, sem o domínio da consciência dos seus verdadeiros desejos".
Como se manter longe das drogas?
Cultive um bom ambiente familiar, tenha em seu lar a visualização de um local de aprendizado para a vivência no mundo exterior, na vida em sociedade. Segundo Emmanuel, no livro O Consolador, a melhor escola de preparação das almas reencarnadas na Terra, ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter.
Mas, Joanna de Angelis aponta o caminho a ser buscado por todos nós: "Educação integral da humanidade com base no evangelho, chamando-nos a atenção para a finalidade da vida no sentido do progresso moral e espiritual"(Após a Tempestade).
Se conheces alguém que faça uso abusivo ou é dependente de álcool, ofereça-lhe ajuda através da Casa Espírita, onde ele poderá encontrar diversos tratamentos que o conduzirão a uma posição favorável ao não prosseguimento do uso, tais como o passe, a água fluidificada, as reuniões de desobsessão, as preces e os ensinamentos evangélicos com base no Evangelho de Jesus, bem como, encaminhe-o a uma entidade especializada no tratamento de alcoolistas, para que estas terapias, em conjunto, consigam auxiliá-lo em sua recuperação. Lembrando sempre que é imprescindível o acompanhamento médico, o tratamento ambulatorial jamais deve ser interrompido.
Referências:
Prevenção ao uso indevido de drogas: Curso de Capacitação para Conselheiros Municipais. Brasília: Presidência da República, Secretaria Nacional Antidrogas, 2008.
REVISTA SUPER INTERESSANTE. Inteligência. Qual o tamanho da sua? Ano 22, nº 8, São Paulo, Editora Abril, Agosto 2008
Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008.
Trabalho realizado pela Fundação Universidade Federal do Rio Grande - Centro Regional de Estudos, Recuperação e Prevenção de Dependentes Químicos.
Apostila A prevenção de drogas à luz da ciência e da doutrina espírita - Reflexões para jovens e educadores, Rosa Maria Silvestre Santos.
Apostila - Drogas - Professora Ana Luisa Miranda Vilella.
Sites pesquisados:
www.senad.gov.br
www.cebrid.epm.br